terça-feira, 1 de julho de 2008

preto no branco

- ei, pequena. já foi mais fácil te entender.
- é porque hoje não sinto nada. e nem você.
- acertou. mas tu podia ter errado no começo. talvez tudo estivesse certo hoje.
- ninguém acerta errando.
- aí que você se engana. acertar é o maior erro de um relacionamento.
- e que relacionamento é o nosso?
- é assim: eu acerto, você acerta. eu erro, você erra.
- então é como deve ser.
- nada disso. assim fica tudo muito igual. não tem contraponto. eu preciso errar com você acertando. isso causa um desequilíbrio, uma insegurança. é o que move o relacionamento. a insegurança! desperta curiosidade, vontade e aproxima.
- você é louco!
- só um pouquinho...

escolheu a escuridão

era madrugada. embora parecesse dia,
tua mão faz poesia, com um cordão dependurado.
um quinhão desamassado, com um verso bem seguro,
conta um fato absurdo, pra espantar a nostalgia.

conta que na calada do dia, sem que estivesse apaixonado,
fizeste a maior loucura, que ainda o pior dos pecados duvida.
puseste a mão na ferida e esqueceste do curado, que não lhe mantinha esquecida.
escolheu morrer em vida, pra não parecer que podia e nem ter de dar recado.

morreu pensando na vida.
morreu lambuzado, pelo mel da ferida.
aquilo tudo parecia iluminado.
mas era madrugada, embora parecesse dia.